28 de setembro: vai ter luta pela descriminalização e legalização do aborto na América Latina e Caribe
Um dia de luta fundamental para lutar pela vida das mulheres
Neste 28 de setembro, Dia de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto na América Latina e Caribe, é urgente levantarmos as bandeiras em defesa da vida das mulheres. O aborto é uma questão de saúde pública.
Acontecerão atos, debates e outras iniciativas em diversas cidades para abordar o tema e defender o aborto legal, seguro e gratuito.
Mais de 800 mil abortos são realizados a cada ano no país, a maioria deles em condições inseguras. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em torno de 300 mil mulheres morrem por ano, no Brasil, em consequência de problemas decorrentes de abortos mal realizados.
A organização aponta que a proibição e a criminalização não diminuem o número de abortos, e além disso provocam o aumento do número de mortes e complicações, especialmente entre mulheres pobres e negras, que não têm acesso a clínicas privadas e a procedimento seguro. As ricas pagam pela segurança e discrição.
No Brasil, o aborto só não é qualificado como crime quando ocorre naturalmente ou quando praticado por médico capacitado em três situações: em caso de risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico.
Contudo, o governo ataca o direito de acesso aos serviços de aborto legal no país como aconteceu, recentemente, em casos de meninas vítimas de estupro nos estados do Espírito Santo e Santa Catarina.
A cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019. Em média, são realizadas seis internações diárias por aborto, envolvendo meninas de 10 a 14 anos que engravidaram após violência sexual.
Informação para decidir
Enquanto isso, recursos públicos são usados para promover a desinformação, como ocorreu com a cartilha do Ministério da Saúde, que negava a existência do direito à interrupção da gestação em caso de estupro ou risco à vida da mulher.
Não há educação sexual ou orientação para que as mulheres conheçam seu corpo e a mídia segue retratando a população feminina como objeto sexual e propriedade.
Por conta do machismo e desinformação, muitas mulheres não têm acesso a métodos contraceptivos adequados ou são submetidas à vontade dos homens que se negam a usar camisinha ou retiram a proteção durante o ato sexual.
As mulheres têm o direito de decidir sobre seu próprio corpo. Legalizar o aborto não obriga nenhuma mulher a abortar, mas permite atendimento seguro e planejamento adequado para evitar outras gestações indesejadas.
“Às mulheres que decidem exercer a maternidade devem ter demandas básicas garantidas como emprego, salário digno, creche e educação pública de qualidade, sistema de saúde pública e moradia”, defende a integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Marcela Azevedo.
Aula pública
O Setorial de Mulheres da CSP-Conlutas realizará a Aula Pública “Pela vida das mulheres, porque precisamos legalizar o aborto no Brasil”, que acontecerá em formato virtual, com espaço aberto para a participação de todes interessades.
A atividade acontecerá em 8 de Outubro, dividida em blocos temáticos com tempo previsto de duração das 14 às 20h.
A ação do Setorial visa reunir especialistas das áreas da saúde, do jurídico, representações de trabalhadoras e trabalhadores, de movimentos de luta contra opressões, parlamentares e representações partidárias, e tem como objetivo discutir o tema neste mês que levanta a bandeira sobre o aborto e direitos das mulheres.
As inscrições podem ser feitas no site da Central. ACESSE AQUI.
Luta de trabalhadores e trabalhadoras
Como o Setorial de Mulheres da Central destacou em uma avaliação recente para a Reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, existe um debate de classe embutido nas questões do corpo das mulheres. Em pesquisa feita pela revista Exame, no mês de Abril desse ano, 55% das pessoas se colocaram contra a descriminalização do aborto, sendo que 72% na classe C e 68% nas classes D e E, ou seja a população que recebe até 3 salários mínimos se colocou contrária ao aborto legal.
E exatamente por essa característica é que parte do dia será dedicado a uma conversa sobre a importância do movimento sindical e popular assumir a luta junto às mulheres, em campanhas pela legalização do aborto e na reflexão e construção de métodos de luta em defesa desses setores mais vulneráveis. Mais sobre isso, expusemos na Cartilha “É pela vida das mulheres – Legalização do Aborto, Já! (Educação sexual e contraceptivos para decidir! Aborto legal e seguro para não morrer)” da Central, que está disponível em PDF [AQUI]
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