Nossa paralisação repercutiu na mídia, até agora encontramos três matérias divulgadas:
Agência EBC Brasil
Estadão
Globo
As duas primeiras matérias ouviram apenas o depoimento do superintendente do IPEN. Reportagens assim trazem uma visão parcial e tendenciosa ao público. Para ficar clara nossa resposta, expomos os pontos a seguir.
A culpa não é APENAS dos servidores, como fica a entender na matéria e nas declarações do Bressiani. A perspectiva da reportagem está baseada apenas no representante da casa, o superintendente. Nela, ele aponta os malefícios da paralisação e induz o pensamento de que os servidores são culpados. Mas há outras considerações a se fazer.
Imaginem cortar 40% ( Não, não é só 30 mas 40%) dos salários de uma classe, assim do nada, sem uma justificativa válida. Esta redução não tem um motivo justificado, pois foi um erro de formatação! Ao se copiar de uma tabela a outra, pasmem, o nome de “Técnico” não foi colado na nova tabela. Este simples erro está causando todo este alvoroço!
E pra piorar, não foi por falta de alertar o Ministério do Planejamento sobre esta correção a ser feita. Antes mesmo deste projeto ser encaminhado a câmara, o Fórum de Ciência e Tecnologia já havia alertado e continuou alertando durante todo o tempo. O MPOG sempre reconheceu o erro e prometeu corrigir, o que não foi feito até hoje. E agora a bomba está prestes a explodir com cerca de 8000 servidores da carreira que receberão a partir de setembro apenas 60% do que recebiam antes.
Este corte contempla inclusive os aposentados que trabalharam a maior parte de suas vidas e agora ficam a mercê de erros grosseiros e pouco podem fazer. Lembrando que eles também dependem deste dinheiro para pagar seus planos de saúde. Isso não foi citado por nosso superintendente durante a entrevista. Ele se preocupa tanto com a saúde mas não ligou ao menos de comentar sobre a saúde de seus servidores ser prejudicada.
Reconheço que há responsabilidade de quem faz greve, mas há toda uma cadeia de maiores culpados. Parece que o tiro só atinge quem está correndo atrás de seus direitos. Há, como disse acima, uma preocupação do superintendente com o impacto no fornecimento de radiofármacos ao SUS, mas esta preocupação deveria estar acontecendo há tempos. Não apenas agora que ele tomou ciência dos problemas que acercam os servidores.
Boa parte dos servidores do IPEN já está em idade avançada, para não dizer a maioria. A saúde de quem trabalha para a saúde também é importante. Os servidores mantém com muito esforço um plano de saúde próprio que estará condenado a falência, pois muitos deixarão de pagá-lo.
O superintendente citou uma chamada força-tarefa para garantir a produção. Trabalhamos com material radioativo e injetável. É preciso ter capacitação e treinamento adequado, segundo exigências da ANVISA. Estas pessoas foram capacitadas, ou ao menos treinadas para isso? Esse chamado “quebra-galho” é uma falha de segurança que compromete até mesmo quem recebe o medicamento. Tirando os riscos de contaminação radioativa em quem se submete a trabalhar sem o treinamento adequado.
É irônico pensar que depois de vários esforços e negociações, fizemos acordo para receber 5,5% de reajuste este ano (inflação do ano passado foi acima de 10%) e que agora estamos brigando para não receber este mesmo reajuste, pois está vindo de presente este corte.
Infelizmente esta é a verdade vista do lado de cá, percebam que não é mero gosto pela paralisação. É a única forma que temos como lutar.
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