Mundo pós pandemia: Ricos mais ricos e pobres mais pobres! Não aceitaremos!

Enquanto os mais ricos do mundo já recuperaram todas as perdas que tiveram durante a pandemia da Covid-19, os mais pobres do planeta levarão 14 anos, pelo menos, para se levantar.

Essa é a conclusão do relatório lançado pela Oxfam, intitulado “O Vírus da Desigualdade”. O documento que traz estatísticas detalhadas do efeito da epidemia nos países e em seus povos, conclui se tratar da primeira vez que, quase todos os países, ao mesmo tempo, tiveram um aumento das desigualdades.

“O vírus expôs, se alimentou e aumentou as desigualdades de renda, gênero e raça já existentes. Mais de dois milhões de pessoas já morreram e centenas de milhões estão sendo jogadas na pobreza, enquanto muitos dos mais ricos – indivíduos e empresas – prosperam. As fortunas dos bilionários voltaram ao pico prépandêmico em apenas nove meses, enquanto a recuperação para as pessoas mais pobres do mundo pode levar mais de uma década.”

Os dois extremos

De uma ponta, o que hoje está sendo descrito como “o maior choque econômico desde a Grande Depressão” marcará a pobreza global nos próximos 20 anos. “Estima-se que o total de pessoas que vivem na pobreza pode ter aumentado entre 200 milhões e 500 milhões em 2020. O número de pessoas que vivem na pobreza pode não voltar ao nível anterior à crise por mais de uma década.”

Este resultado torna-se ainda mais alarmante quando se verifica que foram necessários 5 anos para que a riqueza dos bilionários se recuperasse após a crise financeira de 2008. E que, 10 anos após esse episódio, o número total de bilionários no mundo quase dobrou e “um novo bilionário foi criado a cada dois dias”, entre 2017 e 2018.

Ricos prosperam como nunca

Neste ritmo, os bilionários acumularam US$ 3,9 trilhões entre 18 de março e 31 de dezembro de 2020, em uma riqueza total que hoje soma US$ 11,95 trilhões – mesma quantia que os países dos governos G20 (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, República da Coreia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia) gastaram, juntos, para enfrentar a pandemia.

Os mais ricos estão prosperando como nunca. Na extrema ponta dessa desigualdade, os 10 maiores bilionários acumularam US$ 540 bilhões entre março e dezembro de 2020, segundo lista da Forbes. Esse montante seria suficiente para pagar a vacina contra a Covid-19 para toda a população mundial.

Fome e desemprego

Em outro exemplo, se a insegurança alimentar já era uma realidade antes da Covid-19, a pandemia conseguiu alastrar ainda mais essa crise.

Também nesse período, houve o maior crise de desemprego dos últimos 90 anos. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), meio bilhão de pessoas estão hoje desempregadas ou sub-empregadas, na fome e miséria.

“É revoltante ver um pequeno grupo de privilegiados acumular tanto em meio a uma das piores crises globais já ocorridas na história”, manifestou a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, ao divulgar o relatório.

Como em todos os cenários de desigualdade mundial, as mulheres sofreram e sofrem mais, com empregos mais precários. Os números são que 112 milhões de mulheres não teriam perdido renda ou emprego se a representação entre homens e mulheres no trabalho fosse efetivamente igual.

Consequências

O pior cenário calculado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) escancara que o PIB global não deve retornar aos níveis que estavam antes da pandemia em, pelo menos, dois anos. A consequência desse lapso temporal na riqueza é o aumento direto, a longo prazo, na desigualdade global.

Nas contas também mais pessimistas do Banco Mundial, mais de 500 milhões de pessoas a mais estarão vivendo com menos de US$ 5,5 por dia em 2030. E essa estimativa está, infelizmente, sendo confirmada pelos PIBs de países em desenvolvimento.

O documento da Oxfam, por outro lado, traz uma reflexão otimista: “políticas transformadoras que pareciam impensáveis antes da crise, se mostraram possíveis”, declarando a importância “vital” da ação dos governos para proteger suas populações. E, nesse sentido, conclui que “não pode haver retorno para onde estávamos antes”.

Pandemia agrava problema crônico do Brasil: a desigualdade econômica

A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio mostra que, na média, os 10% mais ricos perderam 3% da renda com a pandemia, e os 40% mais pobres viram a renda familiar que vem do trabalho, descontando o auxílio do governo, cair mais de 30%.

A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio mostra que, na média, os 10% mais ricos perderam 3% da renda com a pandemia, e os 40% mais pobres viram a renda familiar que vem do trabalho, descontando o auxílio do governo, cair mais de 30%.

A pandemia ainda está em curso, mas já deixou muitas marcas na economia brasileira e agravou uma das mazelas crônicas do país: a desigualdade. A reportagem é de Renata Ribeiro.

Na leitura da economia, a pandemia escreve um conto das duas cidades: uma que vê do alto o saldo da crise; e outra que assiste às consequências de baixo. A teoria de que o vírus aumentou a desigualdade social foi testada em cidades do mundo todo.

No Brasil, onde o mal é endêmico, foi pior, levada ao extremo.

“Nas nossas regiões metropolitanas, já vinha numa tendência de crescimento desde 2015, com a crise. E o que a pandemia fez foi jogar essa desigualdade para outro nível. As pessoas estão perdendo renda do trabalho e, ao mesmo tempo, essa renda está se tornando, está ficando menos, está distribuindo de uma forma menos igualitária. Então, você tem uma piora da renda do trabalho e um aumento da desigualdade da renda do trabalho. O pior cenário que você pode ter”, explicou André Salata, sociólogo e professor da Escola de Humanidades da PUC-RS.

Em São Paulo, as diferenças têm endereço. Cada ponto de vista, uma história. O valor do metro quadrado das áreas nobres subiu como efeito colateral da quarentena, enquanto nas vielas estreitas as famílias vulneráveis ficaram sem saída.

Posicionada no nicho da elite de compradores, a imobiliária Boutique nunca cresceu tanto como em 2020. Já há fila de compradores esperando por uma cobertura.

“A gente teve um crescimento de 42% e a gente não esperava isso. A gente brinca que falta produto e não falta cliente para esse nicho”, revelou Rafael Guaraná Menezes, sócio da imobiliária de luxo.

As maquetes econômicas projetam para além dessa crise o abismo entre classes.

Para os economistas, uma “recuperação em K”. A grafia da letra desenha a queda na atividade com a pandemia, depois indica o caminho da saída. Não é bom: ricos cada vez mais ricos, pobres descendo ainda mais na arquitetura social. E esse vírus da desigualdade deixa marcas para o futuro, tal como a pandemia.

“A pandemia não é só um problema que acontece enquanto ela dura; ela deixa marcas na educação, no trabalho dos jovens de hoje. Esse efeito cicatriz que a geração de estudantes e de jovens durante a pandemia devem sofrer depois da pandemia”, alertou Marcelo Neri, diretor da FGV Social.

Do alto, o impacto financeiro da pandemia foi sentido à distância. Pessoas acomodadas no topo da pirâmide perderam pouco ou nada, e houve até quem ganhou no período de distanciamento social. É o que indicam os dados recentes de emprego e renda. A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio mostrou que, na média, os 10% mais ricos perderam 3% da renda com a pandemia, e os 40% mais pobres perderam 30% da renda, descontando o auxílio do governo.

É na base da pirâmide social que a estagnação econômica como sintoma do vírus faz mais vítimas. Nesse estrato social que vive do emprego informal, difícil é encontrar alguém que não tenha sido afetado.

O auxílio emergencial do governo amorteceu o impacto e fez até subir a renda dos mais pobres e reduzir a desigualdade nos meses da pandemia. Mas quando os pesquisadores tiraram o auxílio emergencial da conta, o resultado foi uma queda drástica dos mais pobres, enquanto os mais ricos praticamente não têm mudanças.

“O que é muito preocupante nesse momento, em que o auxílio emergencial teve fim no ano passado, mas infelizmente os sinais que a gente tem visto no mercado de trabalho não são de uma recuperação tão forte e rápida assim”, lamentou André Salata.

Mayara só conta agora com doações. Ela é mãe solteira e agora se ocupa da filha em tempo integral. Perdeu as duas fontes de renda.

“Por causa dessa pandemia, desse vírus, ninguém quer encostar numa água. Todo mundo tem pânico de ter algum contato físico. E o trabalho de diarista? Sumiu! Eu não quero viver de doação, eu sou jovem, saudável, eu quero um emprego! Quero ter uma renda no final do mês para a minha geladeira vai ter algum alimento, vai ter um leite para a minha filha”, desejou Maiara Santana, vendedora ambulante.

“Ambulantes, diaristas, lojistas, feirantes, foram pessoas que foram severamente impactadas com as leis de restrição de circulação de pessoas e, apesar do auxílio emergencial ter amortecido um pouco o impacto econômico desse vírus, a gente vê que, nesse momento em que o auxílio emergencial já acabou, as consequências da crise econômica que a gente viveu estão ressurgindo; e o reflexo direto disso é a desigualdade, porque milhões de pessoas estão desempregadas e aquelas que trabalhavam por conta própria tiveram um impacto muito grande nos seus rendimentos”, explicou Gabriela Chaves, economista da NuFront.

“Então eu diria que, mais do que uma sociedade desigual, teremos uma sociedade desigual mais estagnada, ou seja, o bem-estar é afetado de várias formas”, disse André Salata.

Do alto da sua experiência de quem já passou por graves crises econômicas, Pérsio Arida, um dos economistas idealizadores do Plano Real, indica um caminho.

“O grande desafio do Brasil hoje é crescer e enfrentar o problema da desigualdade, e para isso a iniciativa começa no executivo federal – ele que dá o tom, ele que dá a norma, e, nesse sentido, nós estamos perdendo tempo sim. Precisa voltar à normalidade com vacina, abrir economia, fazer uma reforma tributária, colocar o governo para funcionar direito. O estado tem que deixar de fazer o que faz mal e fazer o que de fato lhe compete, que é educação pública de qualidade, saúde de qualidade e inovação tecnológica e apoio à ciência, é isso que o estado deveria estar fazendo”, defendeu o economista.

https://forbes.com.br/forbes-money/2021/02/bilionarios-brasileiros-da-area-da-saude-sao-os-que-mais-ganharam-dinheiro-durante-a-pandemia/

Bilionários brasileiros da área da saúde são os que mais ganharam dinheiro durante a pandemia

Fortuna dos bilionários da Hapvida saltou de US$ 4 bilhões para US$ 8,8 bilhões

Nos últimos meses, os bilionários da área da saúde estão sob holofotes. Em dezembro de 2020, a Rede D’Or protagonizou o maior IPO de uma companhia nacional desde 2013, impulsionando a fortuna de Jorge Moll Filho, de 76 anos, cardiologista e fundador da empresa, de US$ 2 bilhões em abril de 2020 para US$ 13 bilhões ontem (4). Como resultado da abertura de capital robusta, Moll Filho pulou da 16ª posição do ranking de bilionários da Forbes para a terceira, fechando o top 3 com Jorge Paulo Lemann e Eduardo Saverin.

Para a família Godoy Bueno, controladora do grupo de diagnósticos clínicos Dasa, o cenário também está positivo. Após se destacar no mercado da saúde em 2020 por conta de sua estratégia de expansão e sua atuação médica ativa na crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19, as ações da companhia dispararam 62,5% no início deste ano, mais precisamente entre 8 e 15 de janeiro. O salto nos papéis rendeu algumas conquistas aos membros da família. Dulce Pugliese de Godoy Bueno, por exemplo, assumiu o posto de mulher mais rica do Brasil em janeiro de 2021, com uma fortuna agora contabilizada em US$ 6,4 bilhões. A empresária, que fundou a Dasa com o ex-marido Edson de Godoy Bueno, controla atualmente 48% das ações da companhia.

Pedro de Godoy Bueno, CEO e herdeiro da Dasa, é mais uma personalidade que se destaca na área da saúde. Com um patrimônio líquido de US$ 3,2 bilhões, o empresário é o jovem mais rico do Brasil e está entre os dez bilionários mais jovens do mundo.

É fato que a fortuna dos mais ricos do país, de modo geral e na contramão da crise financeira causada pela pandemia, cresceu de 2020 para este ano. Entretanto, a valorização do patrimônio líquido dos bilionários da área da saúde foi astronomicamente superior.

Em números, a média das fortunas dos 53 membros brasileiros da lista dos mais ricos do mundo saltou de US$ 2,28 bilhões para US$ 3,53 bilhões, uma valorização de 54,82% em menos de um ano. Já o recorte do patrimônio líquido dos bilionários da área da saúde mostra que o valor médio saiu de US$ 1,64 bilhão em 2020 para US$ 3,85 em 2021, crescimento de 134,76% – 80% a mais que a média geral.

 

 

 

 

 

 

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