Em 30 de junho, setores fortes e importantes da classe operária e trabalhadora paralisaram e se mobilizaram em todo o Brasil, apesar da traição das cúpulas das maiores centrais. No dia 29, véspera da Greve Geral de 30 de junho, as direções da UGT, Força Sindical e CUT (e em menor medida também CTB) iniciaram a operação desmonte da greve.
Aliás, já tinham tentado desmontá-la nos dias 21 e 23, mas não conseguiram pela reação da base, crise nas suas próprias fileiras e pressão da CSP-Conlutas.
O fato é que nos dias 29 e 30 as direções traidoras não titubearam e, indo além do corpo mole e da falta de ação, saíram desmontando a greve com declarações pela imprensa -como fez a Força e UGT – ou simplesmente desmarcando ações, mesmo que em alguns lugares isso tenha custado um importante desgaste.
Nos metalúrgicos do ABC, o sindicato da CUT chamou Greve Geral até dois dias antes, mas na hora da H, mesmo com o desgaste na base, convocou apenas um ato.
A puxada no freio da greve se deu logo depois:
(a) da aprovação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
(b) da negativa por parte do STF ao pedido de prisão de Aécio Neves do PSDB, feito por Janot, e a revogação de seu afastamento do Senado.
(c) da liberação da prisão de Rocha Loures (PMDB), o homem da mala de 500 mil e amigo do Temer.
No próprio dia 30, para espanto de alguns, Lula fez declaração à imprensa apoiando Temer contra Janot ao afirmar “Se o procurador-geral da República tem denúncia contra o presidente, tem que provar”, como se a conversa gravada com Joesley e o amigo pego no flagra com uma maleta com 500 mil não fossem nada. Depois ainda emendou “se o Procurador Geral não estiver falando a verdade tem que passar por punição”.
O acordão entre PT-PMDB-PSDB e outros mais (incluindo o STF), fica ainda mais evidente com a notícia de que, articulados por Lula, os advogados do PT, PSDB e PMDB (de Temer, Dilma, Lula e Aécio) tenham montado uma ação comum contra a Lava Jato.
As cúpulas das maiores centrais (UGT, Força e CUT) e os partidos PT, PSDB, PMDB, PT, DEM, PCdoB e Solidariedade (do Paulinho da Força) estão juntos num duplo acordão: na operação salva corruptos (incluindo o Temer, o homem da mala e todo mundo) e na negociação da reforma trabalhista, onde topam entregar o pescoço da classe trabalhadora em troca de manter a indecência do imposto sindical.
CSP-Conlutas presente na luta! Dia 30 foi de luta, greves, paralisações e manifestações em todo o país, e Greve Geral em muitos estados!
Depois de puxarem o tapete da greve, especialmente na Grande São Paulo, a imprensa, a patronal e a cúpula das centrais tentam diminuir o que efetivamente existiu de paralisação dia 30 no país e, ainda, tentam culpar a base onde eles ou não convocaram ou diretamente desmontaram a greve.
Mas, fizeram greve setores fortes e importantes da classe operária e trabalhadora brasileira, que teve mobilização de norte a sul do país.
Em várias cidades e estados existiu praticamente uma greve geral. Paralisaram nacionalmente petroleiros, eletricitários, correios, bancários, servidores federais e professores. Paralisaram em pólos expressivos grandes fábricas metalúrgicas, químicas, têxteis, de alimentação e cimenteiras. Em São José dos Campos pararam 24 horas metalúrgicos, químicos, alimentação, além de transporte, bancários etc. Também em Sorocaba (SP), pararam metalúrgicos e químicos. Ainda em São Paulo pararam os estivadores na Baixada Santista. Parou forte os metalúrgicos no Paraná e no interior de Minas Gerais, a indústria da carne em Belo Horizonte, a Alpargatas na Paraíba, a Guararapes no Rio Grande do Norte. Parou também em peso a construção civil em Belém e Fortaleza. Rodoviários em diversas cidades, inclusive em Recife, onde parte da direção do sindicato chamou a trabalhar, os piquetes pararam os rodoviários porque a base queria parar. Pararam também os metroviários em muitas cidades, como em Porto Alegre e Belo Horizonte. Em Belém do Pará, Fortaleza e Sergipe teve praticamente Greve Geral.
A verdade é que dia 30 poderia ter sido superior ao 28 de abril, se dependesse da disposição de luta da base.
Aqueles que estão negociando com o governo por debaixo dos panos e priorizando campanha eleitoral travestida de “Frente Ampla por Diretas”, depois de tudo, tentam diminuir a luta que existiu e colocar na base a culpa por não haver uma mobilização ainda maior. Para fazer uma Greve Geral passando por cima da maioria das direções é preciso ter mais do que disposição de luta, é preciso entrar em um patamar ainda superior de mobilização e organização. Que a classe tenha feito esse forte dia de paralisações com manifestações enfrentando o desmonte da maioria das cúpulas das centrais, demonstra que a classe tem disposição de luta, não está derrotada e tem capacidade de avançar ainda muito mais em ação, organização e consciência.
Esse balanço é muito importante de ser feito, porque é preciso tirar lições. É preciso avançar efetivamente na organização pela base e acumular forças para passar por cima de direções que não cumprem com o seu dever. A classe operária, os trabalhadores e também os movimentos populares e da juventude vêm avançando e aprendendo em cada nova jornada de luta. Nesta, fizeram mais uma experiência.
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