30 dias da execução de Marielle e Anderson:
CSP-Conlutas convoca jornada de lutas em 13 e 14 de abril
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Passados 30 dias do bárbaro assassinato de Marielle Franco e Anderson Pedro na cidade do Rio de Janeiro, nenhuma pista consistente foi encontrada pelos investigadores, a não ser a conclusão óbvia de que se trata de um crime político.
O crime comoveu o país e foi seguido por centenas de manifestações em várias cidades, inclusive, com repercussão internacional.
Devido à intervenção federal e militar, a violência cresce no Rio de Janeiro. Poucos dias depois da execução de Marielle, cinco jovens foram vítimas de uma chacina em Maricá, na baixada fluminense. Também, até agora, nenhum culpado foi encontrado.
Não vamos abandonar as ruas. A CSP-Conlutas, na sexta-feira, dia 13, e sábado, dia 14, ao completar 30 dias do assassinato de Marielle e Anderson, estará nas ruas em dois dias de lutas e manifestações nos locais de trabalho, estudo e moradia, e com a realização de atos nos principais estados e cidades. Exigimos apuração e punição de todos os responsáveis por esses crimes bárbaros e o fim da intervenção federal/militar no Rio de Janeiro.
Faremos isso em conjunto com todas as organizações sindicais, políticas e movimentos sociais que estejam dispostos a levar adiante essa luta. Não podemos deixar esses crimes caírem no esquecimento e terminarem impunes.
Orientamos a todas as nossas entidades filiadas e organizações regionais a fazerem os esforços necessários para construir um grande dia nacional de lutas em 13 e 14 de abril.
- Pelo fim da intervenção federal e da militarização no Rio de Janeiro!
- Todo repúdio às calúnias que setores da direita vêm fazendo nas redes sociais contra Marielle e sua luta!
- Investigação rápida e prisão de todos os envolvidos na execução de Marielle e Anderson!
- Em defesa da desmilitarização da Polícia Militar!
- Pelo direito à autodefesa dos trabalhadores!
Secretaria Nacional Executiva da CSP-Conlutas / 5 de abril de 2018
Nós atiramos nove vezes contra você, Marielle.
Uma vez porque você nasceu, porque odiamos o povo e odiamos o nascimento de gente do povo.
Outra vez lhe atiramos porque você nasceu mulher e tememos a força delas, porque resistem mesmo silenciadas, porque simplesmente continuam, porque sempre continuaram.
Resolvemos dar outro tiro porque você era negra, Marielle, e detestamos essa cor e detestamos essa raça e nos detestamos mesmo quando temos essa marca, que nos fez servis ao branco colonizador e depois ao branco capitalista.
Outro tiro foi porque você nasceu numa favela, logo na Maré, Marielle, que sobrevive a nosso cerco, a nossos ataques, a nossa difamação. Odiamos Canudos e odiamos as favelas e não demos conta de arrasá-las e pensamos em pisá-las todos os dias para ver se morrem e não morrem.
Mandamos outro tiro porque você cresceu e se tornou adulta e se tornou mãe e deixou mais de si no mundo: você floresceu, Marielle.
Outro tiro foi necessário porque você de alguma maneira persistiu ao racismo com que te cercamos, você estudou, negra, você se formou, você seguiu aprendendo e ensinando.
Disparamos outra vez porque você não perdeu sua força, sua energia, sua vitalidade, sua gargalhada, seu porte altivo de rainha.
E mandamos mais outro tiro porque você ousou ter voz política, ousou subir às tribunas, ousou ocupar muitos lugares que, francamente, jamais foram para você.
E por segurança, desfechamos o último tiro dos covardes: aniquilamos o futuro brilhante que decerto você teria. Matamos teu porvir e assim avisamos à gentinha que te segue e que te pranteia agora, para que temam a máquina de ódio que montamos”.
Senhores das armas, o que não sabem é que vocês plantaram em toda parte as sementes de milhares de marielles. Levada pela tempestade da cólera de ontem, de algum lugar, talvez, ela ainda lhes sorri, aumentada, multiplicada, VIVA.
Via Maria Helena Zamora
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